sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Nocturne

Um cinza  úmido avermelhado aquece meus olhos que estagnados a sua espera não desviam a atenção da porta, imaginando que a qualquer momento possa girar essa esfera e me aquecer em seus braços. Uma, duas horas se passam e eu aqui imaginando, sonhando. Crio fantasias para passar o tempo, invento situações em que nos amamos e esquecemos dos trilhos do metro lá fora...
E as velas continuam a se derreter a sua espera...
Pego outra taça de vinho, chacoalho, sinto o cheiro amargo do tabaco. Vinho sul africano, o seu preferido. Deslizo a mão sobre minha perna coberta de setin perolado, o seu preferido. Ando até a janela, olho, e mesmo assim não consigo te trazer mais depressa...
E as velas continuam a se derreter a sua espera...
Ascendo um cigarro, trago ansiosa. Segundo, terceiro... Quarto... Outra taça de vinho, repito o mesmo ritual. Chacoalho. Sinto o cheiro. Lembro. Sorrio de canto.
E as velas continuam a se derreter a sua espera...
Viro o disco pela terceira vez, Claude Debussy, seu preferido. Respingo novamente as gotas de rosas em meu pescoço. Sento... Confiro suas ligações inexistentes. Meus olhos se voltam à porta...
E as velas continuam derretendo a sua espera...

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