quarta-feira, 4 de novembro de 2015

ensaio sobre um desabafo

tenho em mim
todas as dores do mundo

o peso da consciência em um tempo de alienação
Mil toneladas, três mil, quatrocentas mil! me esmagam em todo amanhecer

violência contra mulheres, negros, travestis, homossexuais, crianças, animais
somos violentadxs pelo estado, pelas instituições, pela população

todos nascemos da mesma placenta desse planeta azul
será que não conseguem enxergar?
somos irmãos em terra destruídos pelo poder
por uma disputa que não é nossa
por uma disputa que nos é incentivada
por uma disputa que não tem sentido algum

até quando esse golpe vai durar?
até quando?

diante toda esfera de macro e micro poderes
sinto-me adoecer, de corpo e alma,
frente a tudo que vai pelo lado oposto do altruísmo humano
fomos soterrados em terra, e sequer sabemos que fomos adestrados para sermos mortos!
para sermos dóceis. para sermos disciplinados.

mas frente a toda essa castração, sou afetada por esperanças
atravessadas por pensamentos otimistas, ainda que fracos
até porque o dia em que eu desistir
estarei morta.

Lutemos!



terça-feira, 10 de março de 2015

Sozinha, lua
Sozinha, nua
Sozinha, tua

sinos

fria parafina derretida em fogo 
escorre dentre o peito 
não causa incomodo 

dedilhados por orvalhos 
cílios se desentrelaçam, 
perante o sereno despertar  

amanhecer em si 
pouco a pouco 
com o café com canela de todo dia 

alegoria! venha me causar alforria...

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Ahh alecrim
esse teu cheiro me enche o peito
onde encontro aconchego é na subjetividade do teu aroma!
Posso ir a tantos lugares
saciar a saudade de tantas pessoas
relembrar amores..

Ahh alecrim!
saudosista alecrim
Vem encher meu peito de doces sussurros,
arrancar-me sorrisos!
como é bom poder te sentir, Alecrim.




quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Nada

Pedro é Joana
e Maria é Amanda
Romeu é Aliceu
e Tereza ainda há de se encontrar.

Talvez em meio ao adormecer do Sol
que se deita deixando aroma nas estrelas,
clareando os olhos de quem consegue admirar a
se re ni da de da Lua..
não falta inspiração, não.
em toda Natureza,
não falta não.

O tempo falta.
na segunda, ou em agosto..
mas Tereza há de se encontrar!

Faltou tempo no minuto
que seus lábios encostaram nos de Pétala.
E como faltou... e Pétala se foi,
arrancada pela raiz
para que Alice a recebesse de Joaquim.
mas Joaquim não a entregou..
Alice virou Amã! E Joaquim, ah... Joaquim...

por enquanto Tereza dorme,
ouvindo canções de ninar de sua mãe
Mas quando Tereza acordar,
quem saberá seu proceder?
Tereza há de se encontrar!
no azul anil de seu interior
mesmo que falte tempo, ela há de se encontrar!
Terê

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Nebulosa do Ocidente

Um gole do negro néctar
em uma manhã fria de domingo
Um gole quente do pedaço da noite
que envolvente, me amarga

O despertar das múmias do Antigo Egito
empoeiradas e diluídas no tempo
Filha de Nefertiti, sou eu

Convoco, agora, os astros
para que me guiem fielmente ao caminho do vento,
aos rastros das estrelas, que violetas, exalam o brilho da solidão

As horas tropeçam, os dias passam
os anos se repetem à mesma história,
Pássaros passaram e passarão
mas os olhos de quem o seguem já não são mais os mesmos

Sem adeus
Sem deus
Sem Aquenáton

Minha estrela guia, em linhas tortas,
a cegueira que habita meu corpo

Não sei o que almejo
Não sei o que sinto
Não sei o que vejo

Apenas ando, sem ver
sem sentir, sem desejar
E o que há de mal nisso?

Almas vazias que tão cheias transbordam
para o inconfundível temor da aurora
em cores compostas em tela, que
escorrem e misturam-se sem formar qualquer imagem

Tal qual o brilho de seus olhos
que se foram, congelados,
sem esperança
Afogados em terra

Dê-me um trago,
e um gole de café.

domingo, 19 de maio de 2013

Azul

A Luz vem, parcial
colorida de amarelo
quase impermeável

O cheiro do som do vento
antológico e sereno
Olhares em linhas pontilhadas
que entrelaçadas são como peixes em pleno oceano

- Branca fumaça, escuro tabaco: 
Vem aquecer ao peito de quem só se sente,
se sente só,
só se sente!

Asas imperceptíveis presas ao teto das nuvens
que em velozes círculos já se foram
agora livres, se foram sós.