Um gole do negro néctar
em uma manhã fria de domingo
Um gole quente do pedaço da noite
que envolvente, me amarga
O despertar das múmias do Antigo Egito
empoeiradas e diluídas no tempo
Filha de Nefertiti, sou eu
Convoco, agora, os astros
para que me guiem fielmente ao caminho do vento,
aos rastros das estrelas, que violetas, exalam o brilho da solidão
As horas tropeçam, os dias passam
os anos se repetem à mesma história,
Pássaros passaram e passarão
mas os olhos de quem o seguem já não são mais os mesmos
Sem adeus
Sem deus
Sem Aquenáton
Minha estrela guia, em linhas tortas,
a cegueira que habita meu corpo
Não sei o que almejo
Não sei o que sinto
Não sei o que vejo
Apenas ando, sem ver
sem sentir, sem desejar
E o que há de mal nisso?
Almas vazias que tão cheias transbordam
para o inconfundível temor da aurora
em cores compostas em tela, que
escorrem e misturam-se sem formar qualquer imagem
Tal qual o brilho de seus olhos
que se foram, congelados,
sem esperança
Afogados em terra
Dê-me um trago,
e um gole de café.
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