segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Nebulosa do Ocidente

Um gole do negro néctar
em uma manhã fria de domingo
Um gole quente do pedaço da noite
que envolvente, me amarga

O despertar das múmias do Antigo Egito
empoeiradas e diluídas no tempo
Filha de Nefertiti, sou eu

Convoco, agora, os astros
para que me guiem fielmente ao caminho do vento,
aos rastros das estrelas, que violetas, exalam o brilho da solidão

As horas tropeçam, os dias passam
os anos se repetem à mesma história,
Pássaros passaram e passarão
mas os olhos de quem o seguem já não são mais os mesmos

Sem adeus
Sem deus
Sem Aquenáton

Minha estrela guia, em linhas tortas,
a cegueira que habita meu corpo

Não sei o que almejo
Não sei o que sinto
Não sei o que vejo

Apenas ando, sem ver
sem sentir, sem desejar
E o que há de mal nisso?

Almas vazias que tão cheias transbordam
para o inconfundível temor da aurora
em cores compostas em tela, que
escorrem e misturam-se sem formar qualquer imagem

Tal qual o brilho de seus olhos
que se foram, congelados,
sem esperança
Afogados em terra

Dê-me um trago,
e um gole de café.